domingo, 23 de novembro de 2008

Cyndi live in Brasil 2008




Cyndi Lauper mostra como envelhecer com dignidade no palco


14/11/2008


Claudia Assef
Quando apareceu no começo dos anos 80, Cyndi Lauper encantou todo mundo com seu jeitão de punk de bufê infantil e hits tão potentes que faziam até Madonna oscilar no trono de diva pop.Ontem, quando subiu ao palco de um Via Funchal lotado, Cyndi mostrou que a idade a fez deixar os acessórios circenses que ajudaram a construir seu mito para trás. Com cabelão bem cuidado, assimétrico como antigamente, mas num loiro platinado, ela entrou para tocar para uma platéia de fãs, o que costuma facilitar a vida de qualquer artista. Mas não se acomodou com esse bônus.O show abriu com Change of Heart, Cyndi acompanhada por uma banda enxuta, assim como o palco, de cenografia zero. Ela mesma vestindo uma blusa preta com babados e calça de couro preta era a tradução da artista que veríamos ali. A entrada no palco foi ao estilo “muito louca”, que ela vendia nos anos 80. Cyndi entrou, sem música, ficou secando o público, se abaixou e deu umas pancadas no palco.Em vez de pular e jogar a cabeça de um lado pro outro, figura que se congelou no inconsciente coletivo de quem cresceu ouvindo discos como She’s So Unusual, Cyndi agora foca em ser o principal elemento musical do show.Aos 55 anos, o pique é outro. Mas a extensão vocal segue firme e muito forte. Então ela resolve atacar um de seus principais hits, She Bop, numa versão quase folk, mais lenta, ela mesma tocando violão. Funcionou.Usando um livro de português para estrangeiros, ela tentava uma comunicação com o público. Foi o único lampejo daquele jeitão desengonçado dos anos 80. “Onde está o seu cartão de embarque?”, lia, de uma página qualquer do livrinho, que a acompanhou durante boa parte do show. O público se derreteu quando finalmente ela achou uma boa: “Como vai?”. Delírio das bichas, patricinhas, metaleiros, emos, nerds e crianças que compunham uma das platéias mais heterogêneas que eu já vi.Uma lista de sucessos, a maioria com Cyndi tocando violão ou uma slide guitar, fez o Via Funchal tremer – os gritos transformaram a já dura missão de ouvir o show impossível, graças ao volume ridículo do sistema de som.Entre as clássicas, não faltaram All Through The Night, I Drove All Night, Money Changes Everything e, claro, Girls Just Wanna Have Fun, música que virou hino de tanta coisa e que ali no Via Funchal fez de miniclones da Cyndi a metaleiros darem abracinhos em grupo. Catarse.Para o bis, Cyndi voltou sem banda, apenas com sua slide guitar e tocou uma versão emocionante de True Colors. Foi o momento de “acender” o celular, mãos pra cima, um choro aqui e outro ali. A cantora terminou agradecendo muito, a essa altura já sem o livrinho na mão. A emoção coletiva deve ter subido à cabeça da Cyndi, que terminou desejando feliz Natal e prometendo voltar o ano que vem. Quer saber? Se ela voltar, estarei lá.

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